sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O poder do tempo


Fiquei sozinha de novo. 
Mais uma vez dentre tantas outras.
Algumas vezes a ficha não caía - mas as lágrimas sim. E era um sofrimento terrível - como se algo estivesse sendo arrancado a força. Me sentia como Prometeu que tinha o fígado roído por uma águia durante o resto de sua vida. Isso se dá quando a confiança da pessoa é quebrada no meio.
Então os dias se seguiam arrastados, monótonos. Doloridos. 
Me faltava força pra sentir as coisas, para conversar com qualquer pessoa. Me isolava porque não queria que ninguém percebesse o que meus olhos diziam.

Sobrou apenas a mala vazia debaixo da cama para fazer.
Escolhi as coisas mais simples que eu tinha. O diário também. Canetas coloridas - na esperança que elas pudessem colorir a minha vida.
Celular? Deixei na cama. O vídeo game? Ficou lá também, pra quem quisesse se divertir. O que me conectava àquela vida ia ficar nas prateleiras que antes eu fazia questão de deixar cheias de coisas e de vida minha.

O relógio marcava meia noite. "Droga! Eu tô atrasada!"
E saí correndo pelo beco escuro, porque no outro dia eu pensei e acreditei que estaria num lugar melhor.