Mayrene deixou de lado os bordados e começou a tatear os vestidos que estavam pendurados nos cabides das araras expostas em seu closet.
Olhou acanhada para o espelho, sentindo que seu vestido queria desabotoar-se sozinho, deixando a moça angelical despida.
Ela não era vista como bela, mas tinha um corpo que causaria inveja às suas colegas. Não tinha dificuldade ao usar os espartilhos - tinha um corpo bem esculpido. A pele era morena clara, os cabelos eram cacheados e a cabeleira era de um tom acobreado raro. Os olhos... eram de um verde quase turquesa.
Tinha um namorado - a relação era quase de marido e mulher. O que era um escândalo, mas ela não se importava. Nem Sebastian, que desde jovem era louco por ela.
Mayrene decidiu perder a vergonha, despiu-se em um instante - sem dó. A pele quente protegida por pesados tecidos se arrepiou ao toque frio do ar. Também soltou o cabelo - sempre preso a um simples e apertado coque.
Começou a olhar o seu corpo - o formato dos seios, o quadril um pouco largo, as pernas torneadas e o formato dos pequenos pés. Observou o balançar dos cabelos, que estavam mais cacheados que o normal.
Resolveu provar novamente as roupas íntimas que comprara para usar na lua-de-mel. Se sentiu um tanto envergonhada ao ver as peças - rendadas, umas vermelhas, umas pretas. Algumas com detalhes dourados...
Mas vestiu-as, e sentiu um poder que nunca sentira antes.
Sebastian chegou - com a mesma louca vontade de vê-la. Enquanto a bela se divertia com a própria beleza,
ele a procurava. Percebeu um som baixo, e era os passos dela. Entrou devagar e a viu se divertindo com a beleza voluptosa herdada. Ao percebê-lo lá, pegou o primeiro vestido nas araras e olhou assustada.
Ele riu baixo. Depois, como se algo o empurrasse para ela, se aproximou e a tomou vigorosamente com um beijo. O corpo delicado coberto pelo espartilho vermelho rendado com detalhes em renda dourada lhe foi arrancado e com um sussurro o desejo falou pelos dois.
E ele a teve novamente - como em todas as noites. Talvez vulgarmente, mas como todas as outras vezes - mais apaixonante e inesquecível.