Estação Luz, 11:00 da manhã de sábado.
Ela estava com um vestido de renda branca com comprimento até o joelho e usava uma rasteirinha de correias douradas... Sua cabeleira era cortada em camadas, e era de um negro com belas ondulações naturais, o qual naquele dia estava meio preso com seu comprimento meio solto e enfeitado com delicadas presilhas... Usava uma bolsa de couro também.
Era um dia muito tranquilo, ela estava com um tempo livre e decidiu ir visitar uma amiga. Mas, antes de ir, resolveu parar na Luz, matar a saudade dos velhos tempos do entra-e-sai alucinante ao som quase inaudível do dedilhar das notas no piano.
Então foi... Tirou o chapéu e pusera em cima do piano junto com a bolsa e começou a dedilhar as notas de sua música favorita - aquela mesma que a fazia lembrar daquele amargo desejo reprimido de amar.
E tocou, firmemente, enlouquecidamente. O dia era chuvoso, mas ainda havia um raio de sol básico...
Um arrepio subiu-lhe à espinha... O ar lhe faltou...
Ele; usava uma saruel jeans, uma camisa preta e uma jaqueta da mesma cor. Seguiu em direção à escada rolante, indo em direção ao trem - com destino à Estação Paraíso. Ela pegou a bolsa, viu-o passar e tirou um papel cor de rosa onde escreveu versos e pediu para um pequenino do local entregar a estrofe improvisada para o príncipe.
A criança correu cambaleante no meio da multidão e ao alcançar aquele cuja a adorada dela era leal, puxou-lhe as roupas com força e entregou-lhe o bilhete perfeitamente dobrado e perfumado... E novamente, assim como entrou, sumiu do nada entre a multidão.
E o bilhete dizia a ele:
"Se eu soubesse que o nosso amor era uma coisa tão aguda,
Eu procuraria te abandonar antes do fim,
Mas com teus beijos minha voz ficou muda
E não mais como uma aluna...
Aprendi a lição depois de tanto errar."
Ele começou a correr atrás dela e na porta principal viu o vulto voluptuoso da sua princesa... E assim como ela o conquistou do nada, ela o abandonou lá, sumindo na multidão costumeira da cidade.