Pega a minha mão e puxa para fora do aglomerado do calçadão, da confusão de lojas, vozes e ofertas. Era um tanto difícil ouvi-la, mas até que a maioria conseguia. Estendeu minha mão e a segurava firmemente, e eu só sentia os dedos suaves passarem sobre as minhas de minha palma.Elas trouxera boas novas, além de um pouco da minha personalidade - nervosa, pensativa, boa de coração...
E ela me disse que eu teria sim, o amor da minha vida.
"Ah, de novo não!" - pensei.
E entreguei à cigana uma nota de cinco reais e saí, não esquecendo de agradecê-la pelas previsões (talvez mais comuns do que verdadeiras).
Mas a parte do amor era uma novidade. É, nunca tive muita sorte no amor - sou daquelas que os homens ficam passageiramente e eu não consigo mantê-los ao meu lado. Tenho certeza que o problema não é da minha parte - mas sempre falta algo no romance e eu acho melhor abrir mão do que mantê-lo.
Ter o amor da sua vida - é tudo o que nós almejamos, não?
E eu pensei - "será que eu estaria preparada pra ele"? Ou não, talvez quem sabe, "eu realmente o amaria de verdade"? E mais um pouquinho de "será que há alguém nesse mundo pra mim"?
É verdade, talvez eu tenha me acostumado demais com a solidão, com os "nãos" da vida, com o "ver as oportunidades passarem" - talvez deve ser por isso que decidi escrever, porque talvez eu ainda não tenha encontrado a oportunidade certa - e mais, talvez eu esteja mesmo reservada pra alguém - como um presente numa caixa de veludo preto, lacrada com uma bela fita dourada e um lindo laço no centro.
Mas espero mesmo que o amor da minha vida já esteja perto de mim...