terça-feira, 18 de novembro de 2014

Resposta à carta da Moise


Moise, recebi sua carta.
A primeira coisa que fiz ao ler o teu recado foi chorar. Sei que mandei uma carta boa, mas o que me pediu para responder era complicado.

Moise, eu ainda não me curei totalmente.
Eu gostaria de tentar seguir em frente sem sentir nada, mas é complicado o deixar ir. Não convivo mais com a pessoa, faço de tudo para não vê-la… Também fiz a maluquice de me afastar de tudo e todos. Decidi que teria vida nova. Um drink à tal loucura, eu sei….  Não é nada tranquilo comemorar sem saber se isso dará algum resultado.

Moise, sobre uma nova tentativa, eu estava à procura.
São tantas exigências: que more perto, que tenha altura x, que tenha peso y, que seja A, B, C e etc. E não se é capaz de mover um dedo para fazer o mesmo.
É a comodidade da vida moderna que não dá coragem para que os outros tentem. Por quê não mudar de cidade? Por que não encarar uma viagem de bate-volta para ver a pessoa amada? Por quê não passar uma noite num lugar que ele/ela escolha?
Qual o problema de ela gostar de salgado e você de doce? Ou de ela gostar de música z e você da música k? E se ela gostar de Humanas e você de Exatas?

Moise, entende o que questiono - por quê tanta complicação? Eu sou maluco, eu sei. Sei que deveria pensar mais no que eu quero, mas nada disso faz muito sentido quando o coração para de bater quando você vê aquela pessoa.

E não… eu não estou com ninguém. Pela primeira vez acredite, não estou. Só comigo mesmo, juntando os caquinhos. Limpando os estilhaços. Remoldando-me.
Comprei roupas novas. Um chapéu preto que você iria adorar. Os tênis ficaram mais sociais. E as camisas agora aumentaram de quantidade. Cortei o cabelo também.
E agora peguei a mania de perambular pelas ruas, como a gente fazia quando eu morava mais perto de você.

Eu parei de procurar, Moise. Eu parei. Estou cuidando de mim.

Também comecei um emprego novo, com menos loucura e mais seriedade. Estou aprendendo a gostar. As pessoas são agradáveis. Dar bom dia para os desconhecidos é uma coisa um tanto rara hoje em dia. Saio sempre ao fim da tarde, e passo no café que tem ao lado do trabalho - tão agradável o ambiente. E com um estilo um tanto parisiense. Você amaria vir aqui.

Eu sei que estou fugindo do assunto principal… Moise, eu estarei sempre destruído quando me lembrar disso. Estou reunindo aos pouquinhos as forças que me restaram e seguindo. Eu vou ficar bem, de verdade…

Te adoro, Moise.

sábado, 8 de novembro de 2014

À pequena Moise






Grande apreço por ti tenho, Moise. Desde os tempos de conversas simples, preocupações de menos e bebedeiras em demasia. Moise, será que se lembra deles? É tão distante do que vivemos agora.

Espero que os dissabores da vida cotidiana não estejam lhe roubando o sorriso. Ser um indivíduo do mundo moderno exige mais do que fazer uma entrevista para ser capa de revista.
Espero que a insensibilidade dos corações vazios que perambulam essa cidade cinza não estejam apagando o fogo da vida que arde no seu. Manter um coração fluindo e batendo é uma questão de luta ( não deveria, nós bem sabemos disso - mas o mundo não acha, ele nos amadurece de qualquer forma).
Espero também que não esteja cancelando seus compromisso com a arte - detestaria saber que você desistiu de suas fotos e escritos. Moise, minha linda, a arte tem o poder de amenizar as dores mundanas...
Não se afaste dos seus amigos, Moise. A menos que eles não sejam mesmo aquelas pessoas que você sempre acreditou. Sabemos que  as pessoas se modificam conforme seus sentimentos. Mas há conformações que descobrimos muito tardiamente e isso dói.
Não saia gritando a torto e a direito as coisas - antes que te achem louca, menina. tem coisas que ninguém vai entender, por mais importante que elas sejam. Entendimento é uma coisa que se exercita vivendo e experimentando.
Ame, Moise. Ame muito, sem limites, sem regras de primeiro encontro ou negando fogo... Ame loucamente. Descaradamente. Ame puramente, com toda a intensidade ou sem nenhuma. Seja aberta ao novo.

Sem mais, um beijo na testa.
Um café na mesa.
E um muito obrigada, minha Moise, por tudo.