quinta-feira, 27 de junho de 2013

Uma frase a mais


- Quero te dizer uma coisa...
- Pois diga - disse ele, se ajeitando na cama, ao lado dela.
- Já faz tempo que estamos juntos...
- Sim. Você me conheceu enquanto namorada aquele cara.
- Você sentia ciúmes?
- Não... - disse, aparentando estar seguro.
- E desde então, estamos juntos.
- Desde que nos vimos naquela praça, depois os encontros na minha casa e outros tantos enquanto você estava indecisa entre eu e ele.
- Fui errada? - pergunta, com medo.
- Talvez não. Você não era feliz com ele na época que me conheceu? - perguntou ele.
- Não... - suspirou, cansada.
- Então não, você não era errada.
- Eu me sentia sempre errada. Mas eu não conseguia ficar longe de você.
- Muito menos eu, boba.
- E se aquela situação tivesse durado por mais tempo?
- Não seria problema nenhum desde que eu tivesse liberdade.

Ela sentiu ciúmes. Ele não olhou e continuou falando os motivos que, a ela, eram inconcebíveis. Mas nada poderia fazer, afinal, ela também errou. Mas por amor.
Na época tinha sido um escândalo e tanto o término do namoro com o ex. Ela não parecia muito se importar de tão farta que vivia com aquela situação. O amante veio se tornar o oficial um bom tempo depois, já com a poeira baixa. Todos estranhavam o interesse entre eles.
Mais uma vez ela tentou dizer o que queria e ele relembrou do resto da história de amor.

- Bem, eu desisto! - e se aproximou do abajur, desligando-o e voltou a se ajeitar na cama.

Ele sorriu, e aproximou-se do ouvido dela, dizendo:

- Não fique brava, eu já sei o que você iria dizer - e dando-lhe um beijo na bochecha - eu também te amo.

domingo, 23 de junho de 2013

Do I Wanna Know?


É um caso sério.

Ela: 18 anos, de cabelos negros.
Uma maluca.
Ri por nada, chora por tudo.
Namora. Mas insatisfeita.
E cursa Química na faculdade - 1o. semestre, ainda.

Ele: 27 anos.
Formado em Artes. Agora segue faculdade em Humanas.
Estilo bem diferente do dela. E não é o namorado dela.

O que esses dois possuem em comum?
Mensagens trocadas, encontros inusitados estabelecidos à noite. Sempre de noite.

Um... dois... três... Ela tremia, ele sorria bobo. Sorrisos. Olhos concentrados em olhar e observar cada movimento do outro. Mais risadas.
Ele a chama. Os dois se abraçam. Não precisam de beijo. Nem nada. Jogar conversa fora é mais importante do que um toque profundo, do que a sedução em si.

Mas é como uma roda: uma hora por cima, outra por baixo.

Ela não sabe o que sente por ele. Ele também talvez não saiba.

Um dia qualquer, ela se sente mal. Ela corre atrás de sua companhia preferida. Mas algo acontece e seu coração se parte,

"- O que aconteceu comigo?"
Ela soluçou.
"- Por quê justo com ele?"
Chorou.

O outro dia.
Foi estranho.
Uma foto dela com o namorado que a impedia sempre de estar com quem ela realmente queria lhe doeu o coração. Mudou os sentidos. Mudou tudo entre aqueles dois.

A urgência de sentir ele novamente estava aumentando.

E nada.

Uma música, ao final daquele dia a faz pensar no sinal enigmático que ele deixou para ela - de ser aceito como ele é.

"Do I wanna know?
If this feeling flows both ways..."

Ela o esperou.
Pensou.
Amou-o em seu silêncio magno de uma jovem mulher.

Ela é dele? Talvez.
Ela decide.
Ele decide.
E ele? É dela também?

Talvez...

(Inspirado na música "Do I Wanna Know", do Arctic Monkeys... Peço que ouçam-a enquanto leem este texto. Link: http://youtu.be/bpOSxM0rNPM )