Dia desses, eu fui questionado sobre amor.
- Quem é o seu grande amor? - perguntou atento.
Parei. Pensei, enquanto fazia cara de espanto. Espanto sim, porque não é todo dia que te questionam isso.
Olhei pro copo grande de café que eu tinha acabado de pedir. Tinha queimado a língua instantes antes da pergunta - e agora, passava-a no céu da minha boca.
Eu não sabia o que responder.
Quem me questionou com paciência e delicadeza que jamais vira antes em alguém, olhou e sorriu. Mas repetiu a pergunta.
Continuei estática.
Mas as lembranças começaram a surgir.
Lembrei das conversas - oras sérias, oras bobas e quase sempre acabava com os dois dando risadas. Também tinha as brincadeiras que eu não gostava - mas depois da certeza que tais momentos não se repetem, a pessoa quase implora para que tudo volte a ser como era antes.
Outra coisa que gostava em você: seus cabelos. Ora claros, ora escuros. Ora longos, ora curtos. Acho que você já tinha percebido isso em mim.
Ah, eu gostaria muito de te dizer coisas - que você sempre julgou bonitas. Mas entendo o porque da dificuldade em acreditar em alguém cuja íris ora são negras, ora são castanhas...
Então, novamente, fui interrompida com a pergunta estridente:
- Quem é o seu grande amor?
- Ah, é um fulano, que não adianta te dizer quem é...
- Mas me diga quem ele é... - insistiu.
- É o meu grande amor, apenas...
- Então você foi imortal sendo mortal...
- Como assim...?
Eu nem prestava atenção ao indivíduo que me perguntava insistentemente - ele tinha sumido.
E eu fiquei sem a definição da última frase.
E também percebi que fiquei sem você.
Permaneci estática, naquela mesa, em que eu chorava.
E eu fiquei sem você.
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